sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O amanhã


“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.” (Mt. 6.34)

Nesses dias de adversidade, acentuou-se em meu coração um sentimento profundo: o de que o controle que temos sobre nossa vida é bastante relativo e precário. A esse sentimento juntaram-se o da dependência e da liberdade. O da dependência porque há “n” fatores incontroláveis que influenciam os rumos do nosso amanhã; o da liberdade, porque se, de fato, nos colocamos confiantemente nas mãos de Deus, seu amor lança fora o nosso medo.

É interessante que, quando o assunto é o amanhã, a formação religiosa e a concepção filosófico-teológica podem ser diferentes, mas o sentimento e a linguagem de quem os expressam se aproximam. Veja o caso da poesia de uma música classificada como popular e outra sacra:
O Amanhã
“Como será amanhã? Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será como Deus quiser”
(João Sérgio)

Porque Ele vive
“Porque ele vive posso crer no amanhã
Porque ele vive temor não há
Mas eu bem sei, eu sei que a minha vida
Está nas mãos de meu Jesus que vivo está”
(Glória e William J. Gaither)

Curioso também é observar que, mesmo na tentativa de fugir da cosmovisão religiosa da vida, quando o assunto é o futuro, o sentimento de dependência de algo se faz presente. É o caso da canção de Sérgio Britto.
Epitáfio
“O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído”

O que vemos nos três textos é o reconhecimento de que não temos controle sobre o futuro, portanto, a saída é deixá-lo nas mãos do “acaso” ou de Deus – mesmo percebido de forma diferente –.

Quando o sentimento de dependência do eterno se acentua em nossa caminhada de vida, os fatos deixam de ser relevantes pelos possíveis resultados bons ou ruins do curto prazo. O importante passa a ser a confiança que se tem de lidar com eles em seu tempo e assim construir a caminhada.

A consciência de que a vida se constrói no passo a passo de cada dia não significa desleixo quanto ao estabelecimento de metas e projetos, muito menos passividade irresponsável, mas reconhecimento da possibilidade de surgimento de fatores alheios ao nosso controle que devem ser encarados não com ansiedade neurótica ou desespero destrutivo, mas com a maior confiança e serenidade possíveis.

Podemos e devemos nos preparar o melhor possível – em todas as dimensões da vida - para enfrentar o amanhã, mas não há preparo melhor, capaz de nos ajudar a enfrentá-lo, do que um coração cheio de confiança no amor, na generosidade, nas misericórdias - renováveis a cada manhã - do doador da vida.


Pr Edvar Gimenes
http://blogdoedvar.blogspot.com/

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